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Adoção: Escolhido para ser Filho

Adoção:  Escolhido para ser Filho

A palavra adoção tem como significado:  “Processo ou ação judicial que se define pela aceitação espontânea de alguém como filho(a),  Acolhimento voluntário de uma pessoa,  Preferir; escolher algo ou alguém.”

Quando somos regenerados temos uma nova vida espiritual interior, quando somos justificados, temos o direito legal de estar diante dEle. Quando somos adotados, Ele nos faz membro de sua família. Por isso, entendemos que o ensino bíblico sobre adoção tem muito mais a ver com a comunhão pessoal com Deus.

Mas, qual o princípio de tudo isso e que precisamos entender? Cristo.  Não apenas como salvador, mas como Filho antes de tudo. Antes de tudo existir, já havia um filho. Antes de qualquer um de nós sermos adotados como filho de Deus, existia o Filho.

Minha irmã e eu fomos adotados em épocas diferentes, e, pense comigo, sou o primogênito da minha família, ela veio depois. Antes dela vir, já havia um filho na família. Agora, imagine se ela não acreditasse nisso, não aceitasse isso. Perante as leis dos homens, ela não poderia ser co-herdeira quando eu assumisse os negócios do meu pai. Então, ela tinha que acreditar que, antes dela, tinha já havia um filho na família antes dela. Cristo sempre, desde a eternidade, é Filho, e o texto fala muito claro: "ninguém vem ao Pai senão  por mim".

Isso não é simplesmente chegar na frente de Cristo e falar com Deus através dele, é acreditar que Ele é filho, que Ele é o primogênito, que Ele é o herdeiro, e nós, co-herdeiros com Ele, pois antes de tudo isso acreditamos, tivemos fé de quem Ele era e do que ele fez em simples obediência ao Pai. Morreu no nosso lugar como um filho mais velho faz para proteger os menores. Isso é o evangelho, o evangelho da cruz, que não é simplesmente sobre uma pessoa que morreu, mas, sim, um salvador que é, e sempre foi Filho antes de tudo.

Mas isso é assunto para outra oportunidade, já que precisamos entender a obra da cruz, morte, ressurreição, e que ela foi feita a partir de um Pai, que deu seu Filho e o Filho aceitou essa obra, sem nunca desobedecer. Aliás, hoje, qual pai aqui teria coragem de entregar seu filho? Os pais não nasceram para enterrar os filhos, mas Deus fez isso, Cristo obedeceu se entregando, e tudo isso por livre e espontânea vontade e obediência.

Vamos ver na bíblia algumas coisas sobre adoção, tendo como definição o ato em que Deus nos fez membros de sua família.

João diz logo no começo do seu evangelho: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome". Infelizmente, temos aqueles que não creem em Cristo, não acreditam no que Ele fez e em quem Ele é, pois são "filhos da ira". (Efésios 2.3)

Paulo diz em Romanos 8:14-17 sobre sermos membros da família de Deus:

 

"Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.  Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados."

 

Olha que lindo o que o texto diz: "somos herdeiros de Deus". Ok, já falamos sobre isso, sermos da família de Deus. Mas ele fala que somos co-herdeiros com Cristo. O texto não fala sobre herdeiros "de", mas, sim, herdeiros "com".

Ele é o primogênito e herdeiro do Pai e por isso somos co-herdeiros com Cristo, por termos sido adotados como filhos mediante a fé e participamos da herança do primogênito pois ele assumiu a responsabilidade do Pai.

Quem administra a herança do pai é o filho mais velho, o primogênito, lembrem-se sempre disso.

Ficamos pensando com muita ênfase nisso, que a regeneração nos torna filhos de Deus, pois o nascer de novo nos faz pensar sobre termos nascido de uma família humana, já que na verdade a adoção é oposto de ter nascido numa família. Lembre-se, quando você é adotado, não nasce na família que o acolheu, mas você é escolhido por essa família, para fazer parte dela. No caso de pais terrenos, eles nos escolheram quando falamos de adoção. Mas no caso de sermos filhos de Deus, que é o que estamos tratando aqui, Ele nos escolheu como co-herdeiros com Cristo.

 

O Novo Testamento associa a adoção com a fé salvífica

Paulo, em Gálatas 3:23-26, diz: "Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.  Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio.  Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus." Não se esqueça, somos filhos mediante a fé em Cristo.

João nos diz em João 1:12: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome."

Esses dois textos nos explicam claramente que a adoção vem depois da fé, da conversão, do crer em Cristo Jesus. Adoção é resposta a nossa fé.

Tem uma música que fala o seguinte: "Thinking if i could see i would believe... then somebody said believe and you´ll see..." – "Eu achava que, se eu visse, eu acreditaria. Mas alguém me disse: acredite, e então você verá."

 

Tudo, tudo vem pela fé. Se você quer ver algo para começar a acreditar, como uma mágica, que só acreditamos vendo, esqueça. Comece a acreditar, e aí, sim, você verá. Acredite, e então se tornará filho.

 

O texto de Gálatas 4:6 pode deixar uma pulga atrás da orelha, quando falamos sobre a fé vir antes. Nesse texto, Paulo diz: "E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!"

Podemos ser levados a entender que primeiro Deus nos adotou como filhos e depois nos deu o Espirito Santo mas um pouco antes, ele escreveu o seguinte: "Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus".

A primeira declaração de Paulo se refere mais à concessão do Espírito Santo na regeneração. Mas, antes disso, o Espírito Santo nos dá o testemunho em nosso espírito, que Cristo é o filho de Deus, e com isso, mediante nossa fé, somos membros da família de Deus. Mais uma vez, a fé em Cristo, vindo antes de tudo.

Essa obra do Espírito nos dá a garantia da adoção, e é nesse sentido que Paulo diz que, após sermos filhos, Deus faz com que o Espírito Santo clame dentro de nós “Aba Pai”. Pois, nem mesmo conseguimos chamá-lo de Pai sem que o Espirito Santo, dentro de nós, gere esse clamor.

Preciso abrir um parenteses aqui, só para dar um puxãozinho de orelha. Jamais devemos ler um texto isoladamente, fora do seu contexto, e um exemplo clássico disso é o texto de Isaías 41:6: “Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte.”

No verso seguinte, encontramos:  “Assim, o artífice anima ao ourives, e o que alisa com o martelo, ao que bate na bigorna, dizendo da soldadura: Está bem feita. Então, com pregos fixa o ídolo para que não oscile.”
 

Adoção é algo diferente da justificação

Mesmo que a adoção venha no mesmo momento que nos tornamos cristãos, e tenha em mente que ser cristão não é o momento em que atendemos ao apelo do pastor para aceitar Jesus em nossas vidas, e, sim, quando realmente cremos em quem Cristo é e no que Ele fez, a adoção é um privilégio diferente da justificação e da regeneração.

Quando somos regenerados, estamos vivos espiritualmente, tendo, assim, a capacidade de falar com Deus, adorar e deixar a sua Palavra entrar no nosso coração. Deus poderia nos dar a regeneração sem nos ter adotado, mas Ele não fez isso.

Ele também podia ter nos justificado sem ter nos tornado filhos, sem a adoção, pois poderíamos ter o direito de estar diante Dele com nossos pecados perdoados e, mesmo assim, não termos sido adotados.

A regeneração tem a ver com nossa vida espiritual, a justificação com a nossa posição diante da lei de Deus, mas a adoção tem a ver com a comunhão, com a mesa, com o ser filho, escolhido. E, no momento em que cremos em Cristo e recebemos o Espírito Santo de Deus, nos tornamos filhos, regenerados e justificados.

Quando percebemos o tamanho disso, de sermos filhos escolhidos mediante nossa fé, podemos sim exclamar como João em 1João 3:1 "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo."

Só para que fique bem claro, essas não são etapas de uma adoção, pois todas elas acontecem juntas. O que vem antes de tudo isso é a fé em Cristo Jesus, que foi filho antes de todos nós, e através dessa fé, nos tornamos filhos, regenerados e justificados, pois nós cremos no Filho de Deus e entendemos que, desde a eternidade, Ele é Filho.

Aqui pode entrar o significado de adoção segundo o strongs: “natureza e condição dos verdadeiros discípulos de Cristo, que, ao receber o Espírito de Deus em suas almas, tornam-se filhos de Deus.”

 

Após acreditar em Cristo, receber o Espírito Santo, sem etapas

Um não depende do outro, mas todos dependem de acreditarmos em Cristo. Termos fé que Ele que nos dá acesso ao Pai, que a obra da cruz não foi feita simplesmente por um homem, não foi simplesmente um ato simbólico, e sim, um ato de amor. Pensar nesse amor imenso já deveria nos convencer de que somos pecadores, de que não somos nada sem esse amor, mas que, sim, podemos fazer parte dessa mesma família.  Não como um simples membro da família, mas como filhos da família de Deus, sentados à mesa juntos como co-herdeiros de Cristo, filhos de Deus.

Mas,  e os privilégios da adoção?

Lembram que, no início do texto, eu contei sobre eu e minha irmã termos sido adotados? Pois bem, voltemos um pouco nesse assunto. Qual o privilégio que tivemos em sermos adotados? Infinitos. Onde eu estaria hoje? Quem eu conheceria hoje? Estaria vivo hoje? Basta eu olhar pros meus pais, que foram os primeiros a me apresentar o caminho que hoje sigo. Esse caminho me levou simplesmente a Deus, ao Filho, a obra da cruz, ao evangelho. Coisa pouca, não é mesmo? Isso já não seria suficiente? Alguns dizem que sim, mas creio que ainda tinham coisas faltando. Já que nesse caminho Deus me deu uma comunidade para servir, uma esposa, filhos, amigos, irmãos em cristo, me fez parte de um corpo. Isso eu comentei sobre meus pais terem me adotado e me apresentado ao evangelho, privilégios de uma adoção terrena, que não chega nem perto da vida eterna que teremos, sendo parte da família de Deus, adotado como filho.

Mas, e quando somos adotados como filhos de Deus? Lembrando, isso não existe sem ser através da fé, do acreditar em Cristo. E não digo somente a obra na cruz, daquele morreu, ressuscitou e salvou todo o mundo. Trata-se de acreditar no que Cristo fez e quem Ele é, o Filho. A obra da cruz não foi feita por um homem qualquer, foi feita pelo Filho de Deus.

Consegui convencer vocês de que precisamos entender que, antes de sermos filhos, já existia um filho?

Entao, por que ainda temos dificuldade de entender isso, de que um Filho veio para ser o salvador? De que um Filho abriu as portas e nos deu livre acesso ao Pai? Deveria ser algo natural acreditarmos nEle,  não apenas como um recurso para sermos salvos. Lembrem da música que citei antes, querem vê-lo? Querem ver a salvação? Querem ser filhos?  Acreditem antes de serem e verem tudo isso.

 

Um dos maiores privilégios é poder falar com Deus, compreendendo que já não somos escravos, e sim, filhos, através do testemunho do Espírito Santo em nós, já o chamamos de Pai, falamos como um filho fala com o seu pai e não como um escravo fala com o seu senhor.

 

Ora, se nós, que somos maus, sabemos dar boas coisas para nossos filhos, quem dirá um Pai, que deu seu filho para morrer por nós? Tem comparação a diferença de amor entre um pai terreno e Deus? Não, não tem como comparar.

E é bom entendermos também como privilégio a correção que vem de Deus. Ele corrige quem Ele ama. Matemática simples: se Ele te corrige, é porque Ele te ama.

É importante entender que agora fazemos parte de uma mesma família, temos o mesmo Pai, fazemos parte do mesmo corpo, a igreja dEle, onde todos foram adotados mediante a fé em Cristo, o primogênito que veio antes de todos nós.

Por que, então, com todos esses privilégios, todas as demonstrações de amor que Cristo nos deu, – que Deus demonstrou ao virar as costas para seu filho na cruz, pois ele estava carregado com tantos pecados e, diga-se de passagem, nenhum era dele, e sim, de todos nós – temos a grande dificuldade de confiar em Deus como Pai amoroso?

Da boca para fora, todos confessamos nossa fé, entregamos tudo nas mãos Dele. Quer um exemplo disso?

Eu nunca fiz um cruzeiro, mas imagino que deva ser assim: no cruzeiro você descansa, sem nem saber o nome do capitão. Você confia nele, na condução do navio.

Quando viajamos de avião, descobrimos o nome do comandante quando ele nos avisa pelo sistema de som do avião, mas não o conhecemos. E, mesmo assim, lanchamos, descansamos e confiamos a condução do avião ao comandante.

Por que, mesmo depois de sermos adotados como filhos por Deus, depois de Ele dar o Seu filho para morrer em nosso lugar, nos tornar nova criatura, tendo demonstrado infinito amor, pois Ele é amor, ainda assim, em nossas vidas, nós entregamos tudo nas mãos meramente da boca para fora, continuamos colocando-o no banco do passageiro e deixando o controle das nossas vidas em nossas mãos?

Não conseguimos descansar um minuto pensando em problemas, soluções que temos que arranjar para as coisas, ao invés de apenas descansar e confiar em nosso Pai eterno?

Posso estar totalmente errado, mas aquele texto que diz que o Pai dá aos seus enquanto dormem pode muito bem ser aplicado agora. O que Ele dá? Direção para sua vida, só isso. Até porque, mais importante do quanto nós andamos, é a direção para onde vamos.

O dormir tem a ver com descansar, e o dar tem a ver com te levar pelo caminho que você deve seguir, sem atalhos, sem caminhos mais longos. A não ser quando acordamos no meio da viagem e assumimos o controle, pois somos imediatistas, ansiosos, mas não humildes.

Pensemos nesse pouco que falamos sobre adoção da seguinte maneira: precisamos ter fé, acreditar na obra da cruz, não somente no que Seu filho fez, mas no que Ele é. Assim como você já deixou, ou ainda deixa, muitas coisas pro seu pai terreno resolver ou te ajudar a resolver na sua vida, deixe Ele guiar você.

Ainda tem dúvidas sobre essa filiação? Peça ao Espírito Santo testificar ao seu espírito que você é filho. Mas, se ainda assim, você não entender essa testificação, volte lá atrás, pense na obra da cruz, na obra da expiação, da regeneração, na justificação, no Filho Dele, que, desde a eternidade, é filho e que obedeceu ao seu Pai, morrendo na cruz para que você fosse salvo. Já dizia meu amigo Anderson Bomfim: "Desde a eternidade, Seu desejo é ser pai de muitos filhos iguais ao Seu..."

Não podemos ter uma fé incrédula, e para isso, precisamos nos converter, temos que parar de somente acreditar, mas temos que começar a responder. Deus chama, mas com fé incrédula acreditamos, não respondendo ao chamado porque não acreditamos por inteiro. Sendo assim, não conseguimos nos tornar filhos de Deus.

Ser chamado de filho de Deus não quer dizer que apenas sua vida será mudada, mas sua casa, seus filhos, seus negócios, tudo será mudado. Sera que já nos convertemos, já acreditamos em Cristo, já respondemos ao chamado do “deixa tudo e me segue”. Será que já nos tornamos filhos?

Então, por que continuamos há um, dois, cinco anos vivendo da mesma maneira dia após dia?  Será que já nos tornamos filhos, acreditando em Cristo realmente? Será que somos guiados pelo Espírito Santo mesmo, como falamos antes e lemos em Romanos?

Filho obedece ao pai, mas nem dízimo damos. Dizemos que obedecemos a Deus, mas nem às autoridades sanitárias queremos obedecer, em meio à pandemia atual. Como queremos ser filhos desobedientes, adotados por um pai amoroso!

Quer transformar a cidade, a sua casa, a sua vida? Creia em Cristo e entenda que só os filhos têm direitos às coisas do Pai. Se não cremos, não podemos ser filhos. E se não podemos ser filhos, não somos herdeiros.

Ele que adotar você como filho, mas,  por que não conseguimos acreditar em Cristo, para que isso aconteça?

Precisamos entender que, na paternidade biológica, escolhemos ser pai, mas não escolhemos quem será nosso filho. Na adoção, no entanto, alguém diz: “quero você como filho e escolho te amar”, como Deus faz conosco.

 

Religião

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João Pedro Bini
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João Pedro Bini casado com Daniela Bini, são pai do Daniel e Isabella e tutore da Patrícia, irmã do João. Membro da Missão desde a sua fundação, serve no ministério pastoral auxiliando e discipulando membros da missão.

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